Fantasma Na Saída
Sussurros no fim da noite. Você parece muito comigo. Redobrando o que poderia ter sido. Andando até o fim do cais. Me pego esquivando da luz, no calado do desassossego. Nas fraturas entre memórias, silêncio é medo de se encontrar. Um holofote azul no instante em que causei dor. Ninguém mais sabe o que houve entre nós ali. O fantasma na saída me perguntou: “E se?” E eu sei. Está sempre no fundo de mim. E se fôssemos a mesma pessoa, vista de pontos distintos? E se fosse apenas um sentimento ermo, banhado nas cores da lua? Na corte do que não se fala, impróprio é rasgar o que foi. É tudo a chuva e o vento, não há o que enxergar melhor. É tudo pedaço de ar, resgate do impossível. Músicas vindas do mar. Sussurros no fim da noite. Está sempre no fundo de mim.
